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Prefácio

A complexidade do mundo interconectado leva a novos e mais sofisticados desafios

À medida que a importância dos dados continua aumentando, e estar online tornou-se o novo normal – desde passar longas horas em mídias sociais até usar travesseiros conectados, fazer compras online e participar de reuniões virtuais – melhorar a segurança dos dados e a infra-estrutura que sustenta os serviços online tornaram-se objetivos primordiais para todas as empresas. Este relatório apresenta alguns dos desafios nessas áreas para 2024, projetando tendências que podem modificar estratégias de defesa digital e segurança cibernética, abordando temas fundamentais para a compreensão e adaptação às mudanças desse domínio.

O primeiro tema, a abordagem "Zero Trust", destaca-se como um pilar central para a segurança moderna. Esse conceito, baseado na premissa de nunca confiar e sempre verificar, reformula as estratégias de segurança, exigindo autenticação contínua e monitoramento rigoroso, mesmo dentro de redes presumivelmente seguras. A implementação dessa abordagem é essencial para mitigar os riscos crescentes em ambientes cada vez mais complexos.

Depois, a segurança programável e autônoma surge como um componente vital, permitindo uma resposta mais ágil e adaptativa às ameaças ao oferecer um grande poder de personalização na mitigação de ataques e resposta a incidentes. Soluções de segurança estáticas — criadas seguindo abordagens baseadas em assinaturas — já não são suficientes para proteger-se de ataques simples, quem dirá ataques complexos e direcionados, como aqueles que utilizam técnicas de polimorfismo, que alteram a assinatura do ataque para dificultar ou impossibilitar sua detecção. 

A inteligência artificial (IA) também está desempenhando um papel transformador, tanto na detecção de ameaças quanto na resposta a incidentes de segurança. A IA é o aliado que capacita os sistemas de segurança a aprender e evoluir, trazendo visibilidade a ameças que não seriam percebidas e oferecendo uma camada adicional de proteção contra ataques cada vez mais inteligentes, automatizados e velozes.

Em 2024 veremos um aumento no número de ataques que exploram o uso da IA para infiltrar-se em sistemas, ganhando persistência nos mesmos e materializando ataques C2 (Command & Control), por exemplo. Ameaças impulsionadas por IA tornarão-se cada vez mais sofisticadas, desde a criação de deepfakes altamente avançados para phishing e outras formas de engenharia social, até a disseminação de malware com capacidade avançada de evasão e  propagação autônoma.

A proteção de APIs emerge como um tema crítico, especialmente considerando sua importância fundamental na integração de serviços e na facilitação da comunicação entre diferentes plataformas digitais. Com o uso extensivo de APIs — que já ultrapassaram o volume de transações realizadas por usuários — a segurança destas interfaces torna-se essencial para prevenir acessos não autorizados e ataques de injeção ou roubo de dados, ou mesmo aumentar a confiabilidade destes serviços. Este relatório destaca a necessidade de implementar estratégias de segurança robustas, incluindo autenticação e autorização rigorosas e a criptografia de dados em trânsito e em repouso.

Adicionalmente, destacamos a crítica necessidade de implementar práticas rigorosas de gerenciamento de segurança na cadeia de suprimentos de desenvolvimento de software. Assegurar a integridade e a segurança em cada fase do ciclo de vida do desenvolvimento de software é imprescindível para a prevenção de vulnerabilidades que possam ser exploradas por cibercriminosos.

Isso envolve a adoção de uma abordagem proativa na avaliação de riscos, a implementação de controles de segurança robustos e a realização de auditorias de segurança regulares em todos os componentes da cadeia de suprimentos. Tal estratégia não só fortalece a postura de segurança de software mas também garante que os produtos finais estejam alinhados com as melhores práticas de segurança, minimizando assim o potencial de exploração por ameaças externas.

Por fim, o relatório explora a crescente importância dos seguros cibernéticos, uma tendência que evidencia a necessidade emergente de abordagens para mitigar os riscos financeiros decorrentes de violações de segurança e perdas de dados. À medida que o cenário de ameaças cibernéticas torna-se cada vez mais complexo e as consequências financeiras de incidentes de segurança amplificam-se, os seguros cibernéticos surgem como uma ferramenta vital para empresas de todos os tamanhos.

Eles não apenas oferecem uma rede de segurança financeira, mas também incentivam a adoção de práticas de segurança rigorosas ao estabelecer requisitos mínimos para a cobertura. Assim, a integração de seguros cibernéticos nas estratégias de gerenciamento de risco representa uma etapa prudente para a proteção contra impactos financeiros adversos de incidentes de segurança, reforçando a importância de uma abordagem holística para a segurança cibernética.

Este relatório proporciona uma análise detalhada e abrangente das tendências previstas para 2024 no campo da segurança cibernética, oferecendo insights preciosos para que profissionais e organizações possam antecipar e mitigar eficazmente os desafios que surgem nesse ambiente dinâmico e em constante evolução.

Encorajamos a todos a explorarem este documento profundamente, a fim de equiparem-se com o conhecimento necessário para navegar com sucesso através dos riscos e oportunidades da segurança cibernética no futuro próximo.

Maurício Pegoraro

CISO da Azion Technologies

Introdução

"A melhor forma de prever o futuro é criá-lo".

Peter Drucker

US$ 8 trilhões. Essa foi a estimativa do custo global do cibercrime em 2023, segundo um estudo da Cybersecurity Ventures [1]. Se fosse um país, esta atividade ilícita seria a terceira maior economia do mundo, atrás apenas dos EUA e da China. 

Um relatório de mercado da Checkpoint Security apontou um crescimento de 8% no número semanal de cyberataques em todo o mundo no segundo trimestre de 2023 [2], o maior crescimento nos últimos dois anos. Um dos grupos mais conhecidos por ataques de extorsão (ransomware), o Lockbit [3], aumentou em 20% seu número de vítimas na primeira metade do ano.

Não importa o segmento de atuação, nenhum negócio está a salvo. Empresas de todos os ramos e tamanhos podem ser vítimas de ameaças como ransomware, roubo de dados e vazamento de informações, que além de prejudicar a continuidade dos negócios, podem causar danos à reputação e levar até mesmo a repercussões legais.

Além de se proteger das ameaças atuais, é importante estar atento ao que está por vir. Como disse Ayrton Senna, "o passado são apenas dados. Eu só vejo o futuro". E para auxiliar nessa tarefa, elaboramos este relatório de tendências de segurança em edge computing.

Aproveitando a experiência de nossa equipe executiva, discutimos os temas mais frequentes no mercado para chegar àqueles que irão impactar de forma mais significativa o desenvolvimento e entrega de aplicações no edge no próximo ano.

Com isso, esperamos  ajudar a identificar possíveis riscos antes que se materializem à sua porta, ou oportunidades que, se aproveitadas, poderão trazer uma vantagem competitiva. Boa leitura!

143% foi o crescimento no número global de vítimas de ransomware no primeiro trimestre de 2023.

Fonte: Cyber Security Trends 2023, Allianz Commercial [3].

Visão geral das tendências

1 Zero Trust Security

O que é? Nova forma de pensar sobre segurança. Não existem usuários, dispositivos ou redes confiáveis, todo acesso deve ser validado.

Por que é tendência? É essencial nas redes modernas, em que os recursos são globalmente distribuídos e não há um perímetro claro a proteger, em contraste com as redes legadas.

Qual o impacto? Ajuda a prevenir ataques, e também a manter a compliance com padrões de segurança e legislação local.

2 Segurança Programável

O que é? Capacidade de customizar e controlar configurações e protocolos de segurança através de código e rotinas de automação.

Por que é tendência? Surgiu como resposta à falta de flexibilidade das soluções de segurança tradicionais frente aos complexos ambientes de TI nas organizações modernas.

Qual o impacto? Permite reagir mais rapidamente a ameaças desconhecidas e se integra melhor a ambientes heterogêneos.

3 Inteligência Artificial

O que é? Modelos de aprendizado de máquina projetados para interagir, entender e gerar respostas semelhantes às de um humano com base nos dados com que foram treinados.

Por que é tendência? É usada de forma cada vez mais intensa em operações de TI e no desenvolvimento de software, automatizando rotinas e aumentando produtividade.

Qual o impacto? Facilita ataques, potencializa a proteção e simplifica a migração de aplicações legadas para ambientes mais modernos.

4 Proteção de APIs

O que é? Medidas para proteger componentes essenciais das aplicações modernas, que permitem a comunicação entre módulos e simplificam o desenvolvimento.

Por que é tendência? APIs transportam informações preciosas, como transações financeiras e dados pessoais, e podem ser manipuladas para facilitar ataques.

Qual o impacto? Falha na proteção pode acarretar vazamento de dados, levando a prejuízos financeiros e repercussões legais.

Capítulo 1

Zero Trust Security

O que é?

Proposta em um paper publicado pela Forrester Research [4], Zero Trust Security é uma abordagem de segurança baseada em monitoramento e verificação contínuos, que pode ser resumida como “nunca confie, sempre verifique”.

Ela estabelece que todo e qualquer acesso a recursos em um sistema deve ser validado, usuários e workloads devem ter apenas o mínimo de privilégios necessários para completar uma tarefa e que microssegmentação deve ser utilizada para limitar o acesso à rede como um todo.

É importante ter em mente que Zero Trust Security não é uma ferramenta ou produto. É um processo que envolve o redesenho da arquitetura de segurança de sua operação de acordo com os princípios acima. 

Por que é uma tendência?

No modelo legado de segurança, uma rede é protegida por um firewall que controla o acesso aos recursos atrás dele. Assume-se que os dispositivos, sistemas e usuários dentro do perímetro delimitado pelo firewall são “confiáveis” e que ameaças sempre vêm de fora. Por isso, as medidas de controle de acesso são focadas na fronteira entre as partes confiáveis e não confiáveis da rede.

Essa abordagem é insustentável nas redes modernas, que podem ter um alcance global e milhões de usuários e dispositivos conectados, com ameaças se originando de dentro ou de fora. É difícil “cercar o perímetro” quando ele é praticamente inexistente.

Ao focar a autenticação nos acessos, e não em usuários ou dispositivos, e segmentar recursos, Zero Trust Security minimiza o risco de ataques e os danos caso aconteçam. Além disso, ajuda a manter a compliance com padrões de privacidade e segurança da informação que demandam controle rígido sobre quem pode acessar informações sensíveis, e sob quais circunstâncias.

Impacto

Zero Trust Security reduz o risco de ataques e ajuda a manter a compliance.

  • Em Zero Trust Security, não existem usuários, redes ou dispositivos "confiáveis" ou "não confiáveis". ​​Confiança não deve ser aplicada a pacotes, interfaces ou dados.

  • Reduz os riscos de ataques "zero-day", quando agressores exploram falhas que não são publicamente conhecidas, e de escalada de privilégios.

  • Zero Trust Security é um aliado na prevenção de vazamentos de dados [5], que podem levar a prejuízos financeiros, de reputação e a repercussões legais contra sua empresa.

Como se beneficiar

  • Não existe uma solução turn-key para Zero Trust. A implementação dessa arquitetura passa por várias etapas [6], como a identificação dos componentes do seu ecossistema, mapeamento de soluções, microssegmentação da infraestrutura e a jornada, que inclui o planejamento e a implementação em si.

  • Preparação é fundamental para que a implementação seja não apenas bem sucedida, mas preencha os requisitos de uma arquitetura Zero Trust eficiente. Sem isso, qualquer ação visando a implementação do modelo se torna vazia.

  • Não vá sozinho. Escolha um parceiro de segurança experiente, com soluções que viabilizem permissões granulares, microssegmentação de rede e robustas ferramentas de visibilidade e análise. Isso irá simplificar o processo e ajudar a manter os custos sob controle.

US$ 4,45 milhões foi o custo médio de uma violação de dados em 2023. Um aumento de 15,3% nos últimos 3 anos.

Fonte: Cost of a Data Breach Report 2023, IBM Security [7].

Capítulo 2

Segurança Programável e Autônoma

O que é?

Segurança programável (Programmable Security) se refere à capacidade de customizar e controlar configurações e protocolos de segurança através de código e rotinas de automação. Esse conceito engloba várias outras tecnologias, como redes definidas por software (SDN), virtualização de funções de rede (NFV), detecção de ameaças baseada em comportamento usando IA, Cloud Access Security Brokers (CASB), firewalls de próxima geração (NGFW) e sistemas de detecção e prevenção de intrusão (IDS/IPS) baseados no edge.

A natureza programável dessa abordagem resulta em proteção mais dinâmica e flexível, já que as medidas de segurança podem ser rápida e facilmente ajustadas de acordo com mudanças no panorama de ameaças e na disponibilidade de recursos para manter as ferramentas de segurança.

Por exemplo, a volta presencial ao escritório tem apresentado desafios, desde a retenção de talentos até espaços de escritório que comportem o retorno. Ambos os casos podem resultar em uma redução nos quadros funcionais e até criar dificuldades para a retenção de talentos. Aqui entra mais uma vantagem da segurança programável e autônoma: fazer mais com menos para implantar e operar ferramentas de segurança.

É importante mencionar que, embora a segurança programável ofereça vantagens significativas em relação à abordagem tradicional, ela não a substitui completamente. Uma estratégia completa de cibersegurança envolve a combinação de soluções tradicionais e programáveis, combinando as forças de cada uma para criar um robusto sistema de defesa contra ameaças.

Por que é tendência?

Segurança programável surgiu como uma resposta à falta de flexibilidade das soluções de segurança tradicionais frente aos complexos e dinâmicos ambientes de TI em organizações modernas, compostos por uma mistura de soluções e recursos on-premises, na cloud e no edge, em equipamentos que vão de sensores IoT a um número cada vez maior de dispositivos mobile.

Soluções tradicionais, como firewalls legados, software antivírus e controles de acesso, são fixas e não facilmente adaptáveis a ameaças emergentes, o que as torna ineficazes contra novos vetores de ataque. A necessidade de intervenção manual na configuração e monitoramento combinada à falta de inteligência em tempo real sobre ameaças piora este cenário. Isso traz atrasos na identificação e resposta a ataques, especialmente os mais sofisticados, que podem ser altamente direcionados.

Impacto

Segurança programável é uma resposta à falta de flexibilidade das soluções tradicionais.

  • A segurança programável promove a aplicação consistente de políticas de segurança em sua infraestrutura de rede, incluindo ambientes de edge, cloud e redes virtualizadas.

  • A automação reduz o risco de erros humanos, que podem levar a vulnerabilidades, e otimiza a utilização de recursos, reduzindo o custo geral das operações de segurança.

  • Soluções de segurança programável ​​podem ser estendidas a ambientes de edge computing e cloud, fornecendo proteção localizada para sistemas distribuídos e IoT.

Como se beneficiar

  • Ao criar aplicações, prefira uma abordagem edge native, que permitirá tirar proveito da alta disponibilidade, maior performance e segurança avançada oferecida por plataformas de edge computing.

  • Utilize edge firewalls para proteger aplicações legadas com recursos de segurança sofisticados que podem ser implantados rapidamente, sem modificação no código, e são fáceis de automatizar e gerenciar.

  • Combine soluções de data streaming para coletar dados de eventos que ocorrem em aplicações da sua empresa com um SIEM (Security Information and Event Management) para ganhar inteligência em tempo real sobre eventos anômalos e possíveis ameaças.

69 vulnerabilidades zero-day, aquelas que são exploradas antes mesmo que sejam conhecidas pelo desenvolvedor do software afetado, foram identificadas entre Janeiro e Setembro de 2023. 44 delas estavam sendo ativamente exploradas por criminosos.

Fonte: Infosecurity Magazine [8].

Capítulo 3

Inteligência Artificial

O que é?

No último ano, explodiu a popularidade e quantidade de ferramentas de inteligência artificial baseadas em Modelos Largos de Linguagem (LLM, Large Language Models), como o ChatGPT da OpenAI, Bing Chat da Microsoft ou Bard do Google, para citar apenas alguns. Subitamente, estas "Inteligências Artificiais" passaram a estar presentes em navegadores web, editores de texto, ferramentas de design, ambientes de desenvolvimento de software e muito mais.

Analisando bilhões de parâmetros construídos a partir de imensas quantidades de dados pré-existentes, elas são capazes de interpretar pedidos em linguagem natural e produzir rapidamente resultados convincentes, sejam eles uma redação para um estudante do ensino médio ou código em Python para a solução de um problema específico. Estas capacidades também se aplicam ao campo da segurança. 

Por que é tendência?

Ferramentas de IA podem ser extremamente úteis para os criminosos, seja na geração de scripts para a exploração de vulnerabilidades, para a automação de testes de penetração ou mesmo para compilar e correlacionar informações pessoais resultantes de múltiplos vazamentos de dados para ataques de engenharia social.

Por outro lado, também estão sendo utilizadas para o bem. Grande parte das ferramentas de SOAR (Security Orchestration, Automation and Response) no mercado já incorpora recursos de aprendizado de máquina e inteligência artificial para a detecção em tempo real de ameaças ou de falhas de configuração que podem ser exploradas no futuro.

IA pode ser valiosa na transformação de aplicações monolíticas legadas em microserviços prontos para as modernas plataformas de edge computing. Isso inclui refatoração do código, um processo normalmente tedioso e propenso a erros, validação de acordo com as melhores práticas e padrões de design e automação de testes, para evitar que falhas que possam ser explorados no futuro cheguem até código em produção.

Impacto

IA é uma faca de dois gumes, que pode ser usada para facilitar ataques ou potencializar a defesa.

  • O uso de IA para análise de comportamento é um aliado na luta contra vulnerabilidades zero day, exploradas pelos criminosos antes que uma correção esteja disponível.

  • Co-pilotos de IA ajudam desenvolvedores a escrever código em linguagens com as quais não estão familiarizados e simplificam tarefas tediosas, potencializando sua produtividade.

  • A capacidade de compilar informações para criar perfis detalhados de potenciais vítimas e novas técnicas de deepfake [9] irão levar a ataques de phishing cada vez sofisticados.

Como se beneficiar

  • Estabeleça forças-tarefa para identificar quais ferramentas de IA podem auxiliar em seus processos, como e quais os custos associados. Não se esqueça de incluir representantes de cada setor envolvido.

  • Antes de adotar uma ferramenta de IA, analise a política de privacidade relacionada às informações entregues a ela. Algumas empresas se reservam o direito de reutilizar o conteúdo fornecido pelos usuários para o treinamento e aprimoramento de suas IAs, o que pode fazer com que um prompt escrito por um usuário ressurja na resposta a outro com um problema similar. Isso pode causar sérios problemas se a IA tiver sido "alimentada" com informações confidenciais sobre os produtos e processos de seu negócio.

  • Utilize ferramentas de IA para analisar eventos, dados e resultados passados e, através de modelagem preditiva, gerar insights sobre o futuro para auxiliar na tomada de decisões.

92% dos desenvolvedores nos Estados Unidos já estão utilizando ferramentas de IA, segundo uma pesquisa entre 500 profissionais da área realizada pelo GitHub.

Fonte: Survey reveals AI’s impact on the developer experience, GitHub [10].

Capítulo 4

Proteção de APIs

O que é?

APIs (Application Programming Interfaces, Interfaces de Programação de Aplicações) são um dos pilares da computação moderna. Elas fornecem um meio para que diferentes partes de uma mesma aplicação (como o front-end e back-end) possam se comunicar ou se integrar com módulos e serviços de terceiros. São como estradas de ferro, possibilitando a troca de informações de uma forma padronizada.

Por exemplo, uma loja online pode usar APIs de parceiros para calcular custos de frete, fazer processamento de cartões de crédito ou gerenciar um programa de fidelidade, sem que seus desenvolvedores tenham que implementar essas funções a partir do zero. 

Logo fica claro que APIs lidam com informações críticas para o funcionamento de uma aplicação e, por consequência, dos negócios que dela dependem. E onde há informações, há criminosos à espreita, esperando por uma chance para atacar. 

Por que é tendência?

Um relatório recente [11] mostrou um aumento de 400% no número de atacantes únicos realizando investidas contra APIs em um período de apenas seis meses. Além disso, 94% dos participantes afirmaram que tiveram problemas de segurança com APIs em produção no último ano, e 17% declararam que suas empresas sofreram vazamento de dados devido a falhas de segurança em APIs.

A proteção de APIs tem como objetivo evitar estes ataques, que podem impactar o funcionamento de suas aplicações ou causar o vazamento de dados que podem levar a prejuízos financeiros para você e seus clientes. Não é à toa que a segurança de APIs se tornou um tema comum entre o alto escalão de executivos (o chamado "C-Level") de muitas empresas no último ano.

Impacto

Acredite: indisponibilidade de serviços é a menor das consequências de um ataque a APIs.

  • Vulnerabilidades em APIs podem levar à indisponibilidade de serviços, vazamento de informações, contaminação de aplicações, invasão de sistemas e mais.

  • Em 2021, pesquisadores encontraram falhas [12] em APIs da Peloton, fabricante de aparelhos de ginástica, que permitiam a qualquer um obter informações sobre os usuários.

  • Em 2022, um pesquisador descobriu uma falha em uma API da Coinbase [13] que poderia "destruir o mercado", já que permitia o uso de fundos inexistentes em transações com criptomoedas.

Como se beneficiar

  • Seguindo os princípios de Zero Trust Security (veja a primeira tendência neste relatório), todo e qualquer acesso a uma API deve ser autenticado e autorizado. Não basta verificar que o usuário existe e é legítimo, mas é necessário também se certificar de que ele tem autorização para o acesso.

  • Autenticação com "usuário e senha" não é o bastante, pois estas são informações que podem ser facilmente obtidas pelos criminosos. Implemente um esquema de autenticação mútua [14] como o mTLS (Mutual Transport Layer Security, ou “TLS mútuo”) para garantir a identidade de clientes e servidores antes que uma conexão seja estabelecida.

  • Utilize recursos de um Web Application Firewall (WAF) como Rate Limiting e DDoS Protection para impedir ataques que podem levar à indisponibilidade de suas APIs. WAFs também protegem contra outras ameaças do OWASP Top 10 [15], como Broken Access Control, Code Injection e Server-Side Request Forgery (SSRF).

78% dos ataques contra APIs têm como origem usuários legítimos cujas credenciais de autenticação foram obtidas por criminosos.

Fonte: API Security Trends 2023, Salt Security [11].

Considere também estes temas

Além das quatro tendências apresentadas, há alguns conceitos que consideramos dignos de atenção para qualquer empresa que leve a segurança de suas operações a sério. Pense neles como bônus que irão garantir uma camada extra de proteção para evitar o pior e trazer paz de espírito caso ele aconteça.

Gerenciamento de segurança da cadeia de suprimentos

Também conhecido como Supply Chain Security Management, esse conceito se refere ao gerenciamento dos riscos associados a fornecedores, parceiros e provedores de serviços externos. Suas aplicações não existem em um vácuo: elas dependem de bibliotecas e ferramentas externas, e muito provavelmente são hospedadas e executadas em uma infraestutura que não está totalmente sob seu controle.

No desenvolvimento de software está surgindo o conceito de SBOM (Software Bill of Materials), basicamente uma lista de todos os "ingredientes" necessários para a construção de uma determinada aplicação.

É necessário estabelecer procedimentos para se certificar de que todos esses componentes estejam atualizados e protegidos, e que existam canais de comunicação com os fornecedores para que eventuais alertas de segurança sejam recebidos e incidentes resolvidos. Da mesma forma, ao escolher um provedor de serviços, fique atento a seu histórico de segurança, SLAs para resolução de problemas (especialmente incidentes críticos) e canais de comunicação disponíveis. 

Cyber Insurance

O crescente número de incidentes de cybersegurança, e os custos associados à recuperação em caso de ataque, levaram ao surgimento de uma indústria de "seguro cibernético" [16] que ajuda a reduzir o impacto financeiro sobre as empresas atacadas.

Essas políticas podem cobrir tanto custos diretos, como os relacionados à recuperação de dados perdidos e reparo de sistemas comprometidos, quanto indiretos, como custos legais e reparação aos clientes afetados.

Por outro lado, não cobrem falhas pré-existentes, falhas de infraestrutura ou incidentes causados por colaboradores. Também excluem a cobertura de incidentes causados por vulnerabilidades conhecidas, mas não corrigidas. Ou seja, não basta apenas contratar o seguro, é necessária uma postura de segurança proativa.

US$ 84,62 bilhões. Este é o tamanho estimado para o mercado de cyber insurance até 2030.

Fonte: Cyber Insurance Market Size, Share & COVID-19 Impact Analysis [17], Fortune Business Insights.

As ferramentas necessárias para aumentar a segurança e eficácia de seu negócio estão a seu alcance

A moderna economia hiperconectada traz  inúmeras oportunidades, mas também uma série de desafios que, à primeira vista, podem ser considerados insuperáveis, como a necessidade de proteger um "perímetro" praticamente global contra investidas cada vez mais complexas e sofisticadas. Para piorar, as características desse cenário mudam a todo momento, à medida que criminosos rapidamente se adaptam às estratégias de defesa e respondem com novas formas de ataque.

Felizmente, tendências como Zero Trust Security, segurança programável, o uso de IA, proteção de APIs e segurança de IoT nos dão as ferramentas necessárias para navegar com segurança por essas águas turbulentas. Colocá-las em prática, de forma rápida e eficaz, é a chave para reduzir custos operacionais ao mesmo tempo em que incrementa a proteção de seu negócio. Conte com a experiência da Azion nessa jornada.

Referências
[1] 2022 Official Cybercrime Report. eSentire, 2022.
[2] Surge in Cybercrime: Check Point 2023 Mid-Year Security Report Reveals 48 ransomware groups have breached over 2,200 victims. Check Point Security, 23 Ago. 2023.
[3] Cyber security trends 2023. Allianz, 5 Out. 2023.
[4] No More Chewy Centers: The Zero Trust Model Of Information Security. Forrester Research, 23 Mar. 2016.
[5] Entenda a abordagem do Zero Trust Security para a proteção de dados. Azion Technologies, 20 Mar. 2023.
[6] Primeiros passos para simplificar a adoção de um modelo Zero Trust. Azion Technologies, 27 Mar. 2023.
[7] Cost of a data breach 2023. IBM Security, 2023.
[8] A Guide to Zero-Day Vulnerabilities and Exploits for the Uninitiated. Infosecurity Magazine, 28 Set. 2023.
[9] Fraudsters Cloned Company Director’s Voice In $35 Million Heist, Police Find. Forbes, 14 Out. 2021.
[10] Survey reveals AI’s impact on the developer experience. The GitHub Blog, 13 Jun. 2023.
[11] API Security Trends 2023, Salt Security, 2023.
[12] Tour de Peloton: Exposed user data. Pen Test Partners, 05 Mai. 2021.
[13] Retrospective: Recent Coinbase Bug Bounty Award. Coinbase, 18 Fev. 2022.
[14] Veja como o mTLS pode aumentar a segurança das suas aplicações. Azion Technologies, 17 Mai. 2023.
[15] Como combater os riscos da OWASP Top 10 com o WAF da Azion. Azion Technologies, 6 de Mar. 2023.
[16] What Is Cyber Insurance?. Trend Micro, data não informada.
[17] Cyber Insurance Market Size, Trends | Overview Report [2030]. Fortune Business Insights, Abr. 2023.

Expediente

Texto

Rafael Rigues, Thiago Silva, Mauricio Pegoraro, Rafael Umann

Conselho Editorial

Fernanda Mizzin, Marcelo Messa, Marcos Besse, Marcus Grando, Maurício Pegoraro, Júlio Silvello, Rafael Umann

Projeto Gráfico e Design

Caio Ogata, Guilherme Ganc

Gestão do Projeto

Marcelo Messa, Marcos Besse

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